Na Busca do Polvilho

O prédio da Young&Rubicam ficava na Praia do Flamengo, esquina com a Rua Dois de Dezembro. Em frente ao prédio, diariamente “batia ponto” um vendedor de biscoitos Globo que salvava a fome da galera em várias tardes. Numa dessas tardes, o Diretor Financeiro da agência, chamou um dos Boys e fez um pedido – Rapaz, compre pra mim, por favor, um polvilho lá embaixo? – e lá se foi o contínuo cumprir a missão. Passadas duas horas, o menino ainda não tinha retornado, o que era de se estranhar considerando que o vendedor ficava na calçada em frente ao prédio. Três horas depois, o menino retornou de mãos vazias e foi até a mesa do Diretor. – O que aconteceu rapaz? – perguntou o chefe. – Senhor, me desculpe, mas procurei por umas dez farmácias e nenhuma tinha o talco que o senhor pediu!

Caiu do teto!

Ainda na Fábrica Bangu, certa vez estavam fazendo uma obra no mesmo prédio do CPD, porém, numa sala oposta, separada por uma parede e num andar acima. Como acontece em todas as obras, é comum os operários tirarem aquela soneca na hora do almoço. Lá não foi diferente. Na hora “sagrada”, dois operários relaxavam num andar acima do nível e ao lado do teto do CPD que era de gesso. Embalado pelo sono, um dos operários que era forte e com cerca de dois metros de altura, rolou até o nível acima do teto e o resultado não foi outro, o coitado despencou lá de cima, rompendo o teto e caindo dentro da sala das digitadoras (sim, tínhamos uma sala de digitadoras). A sorte é que caiu numa cadeira cuja a ocupante havia levantado para ir ao banheiro. Durou um bom tempo para todos entenderem como um corpo havia brotado do teto!

O que pisca numa sexta-feira?

O CPD da Fábrica de Tecidos Bangu era divido por aquelas tradicionais baias com vidros, ambientes que chamados de “Aquários”. Em umas das salas, ficava a secretária que atendia toda a Diretoria de Informática na época. Certo dia, numa sexta-feira, a secretária foi trabalhar, digamos, mais elegante. Quando entrávamos no CPD, obrigatoriamente tínhamos que passar em frente a sala da secretária onde, além da sua mesa, tinha uma outra mesa atrás com um telefone. Nesse dia, ao retornar do almoço, além da secretária, estava na sala o estagiário da equipe que falava ao telefone com um usuário de outro setor tentando resolver um problema técnico. Era algo referente ao HD do computador que nessa época era comum ter um led que piscava indicando que o mesmo estava funcionando ou não. Ao passar pela sala, me dirigi à secretária brincando – Está elegante hoje! É porque é sexta-feira? – Obrigada, vou sair com uns amigos mais tarde. – respondeu. Atrás dela, o estagiário completamente alheio ao assunto, falava ao telefone – Tá piscando? Tá piscando? – Tomou um tapa na cabeça que só mais tarde foi entender a causa.

Um pulo no “Drive”

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Durante o processo de informatização das lojas do McDonald´s, numa das fases do projeto, tínhamos uma equipe exclusiva de suporte às lojas conhecida como Mc Suporte. A maioria dos atendimentos eram feitos remotamente, com acesso às estações das lanchonetes, e com o auxílio do telefone. Nessa época os computadores ainda possuíam leitores de disquetes denominados drives. Coincidentemente, e ainda nos dias de hoje, a área da lanchonete onde os clientes são atendidos em seus carros chama-se Drive Thru. Certo dia, durante um dos atendimentos, o técnico de suporte orientava o usuário do outro lado da linha a acessar o conteúdo do disquete com uma frase direta – “Vai no drive e dá uma olhada.” – Passados alguns segundos, percebeu-se um silêncio incomum sem nenhuma resposta do outro lado da linha – Alô, você ainda está na linha? – disse o técnico. Depois de alguns minutos sem responder, o usuário finalmente retornou o contato com a voz ofegante e com a surpreendente resposta – Oi, desculpe a demora, eu fui lá no drive como você me pediu!