O pesquisador Isao Echizen, do NII, disse ao Sankei Shinbun (um jornal japonês) que sua equipe de pesquisa foi capaz de “roubar” as impressões digitais de uma pessoa a partir de uma foto na qual ela fazia o sinal da paz. A foto havia sido tirada com uma câmera digital a uma distância de aproximadamente três metros, com as pontas dos dedos em foco e iluminação forte.
Segundo a agência
France Press, Echizen acrescentou que não é necessário ter tecnologia muito avançada para conseguir reproduzir as impressões digitais de uma pessoa a partir de uma foto. De posse da impressão digital e do dispositivo da pessoa, um indivíduo mal intencionado poderia ter acesso aos dados pessoais gravados no aparelho.
Método testado
A pesquisa de Echizen não é o primeiro indício de que métodos de identificação biométrica podem ser burlados usando imagens. Em dezembro de 2014, o grupo Chaos Computer Club demonstrou o método “roubando” as impressões digitais da ministra de Defesa da Alemanha na época a partir de uma fotografia em que seus dedos apareciam.
Nos Estados Unidos, a própria polícia já utilizou esse método em investigações. Em agosto de 2016, pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan se aliaram aos agentes para destravar o Galaxy S6 de uma vítima de homicídio usando “dedos” impressos em 3D. A polícia suspeitava de que o dispositivo pudesse conter informações sobre o crime, e conseguiu ter acesso a ele usando um modelo criado a partir de imagens das impressões digitais da vítima.
Proteção
Para se proteger contra esse tipo de risco, o pesquisador informou que ele e sua equipe estão desenvolvendo uma película protetora para os dedos. Feita com óxido de titânio, a película permite que o usuário destrave seu aparelho mesmo enquanto a estiver utilizando, mas impede que suas impressões digitais sejam capturadas em fotos. No entanto, ele só deve ser lançado daqui a aproximadamente dois anos.
Jason Chaikin, o presidente da empresa de verificação biométrica Vkanskee, disse ao Mashable acreditar que, mesmo que seja possível, ainda é muito difícil que esse tipo de acesso ilegal ocorra. “Se você olhar 100 fotos de pessoas olhando para uma câmera fazendo o sinal da paz, menos de 30% terá a luz certa”, disse. Além disso, haveria ainda o trabalho de recriar a impressão digital da pessoa a partir da imagem, e de adquirir o aparelho dela para poder ter acesso.
Empresas de verificação biométrica também poderiam combater a vulnerabilidade aumentando a resolução na qual escaneiam as impressões digitais. Segundo Chaikin, o padrão é escanear em uma resolução de 500 dpi (pontos por polegada), mas é possível ir a até 2.000 dpi para impedir que esse método seja utilizado.
Fonte: GUSTAVO SUMARES - Site Olhar Digital 12/01/2017 11H01